A energia de biomassa representa atualmente menos de 10% da capacidade instalada de energia elétrica no país, apesar de ser a terceira forma de energia mais competitiva no Brasil perdendo apenas para a energia eólica e para as centrais geradoras hidrelétricas.
Entre as fontes de biomassa utilizadas, destaca-se o bagaço da cana-de-açúcar como a principal delas, seguida do licor negro (bastante utilizado pelas fábricas de celulose) e, em terceiro lugar, os resíduos de origem florestal.
Muito embora o setor florestal tenha se agitado por anos diante da oportunidade de fazer do mercado de energia um novo e importante nicho para produtos de base florestal, até então nosso setor se depara sempre com os mesmos gargalos: baixa viabilidade (ou inviabilidade) de projetos florestais dedicados, falta de suprimento diante da demanda crescente por madeira, que leva à competição com mercados muito maiores, que não estão dispostos a perder suprimento para os rivais, como a celulose.
Por outro lado, mesmo com todos os desafios na mesa, sabemos que a demanda energética do Brasil é constante e que a matriz energética precisa de diversificação, para que não tenhamos que enfrentar novamente o perigo de um apagão. Soma-se à demanda nacional, a pressão mundial pela redução das emissões de gases de efeito estufa, tornando a energia de biomassa florestal uma opção interessante.
Mas se há demanda de mercado e anseio da sociedade, como superar as barreiras que impedem o desenvolvimento da energia de biomassa florestal? Será que não está na hora de se pensar mais criativamente e parar de fazer mais do mesmo? Um sistema adequado e criativo de gestão de suprimentos pode certamente resolver ou minimizar as dificuldades, mesmo nos mercados mais competitivos!
Ao invés de depender somente de plantios dedicados, que tal combinar um volume menor de plantios com aquisição de biomassa de outras fontes disponíveis no mercado, tirando vantagem da sazonalidade (e preço) de cada produto? A tecnologia das caldeiras permite tirar vantagem do uso diversificado de biomassa, então porque não explorá-la?
Ao invés de competir com grandes players pela floresta, que tal deixar os troncos das árvores para eles e explorar energeticamente resíduos, casca, tocos, e galhadas? Temos exemplos de países que estão utilizando resíduos florestais com excelência, alguns desses, países com muito menos tradição florestal que o Brasil!
A biomassa está em uma região de grande competição por madeira, altamente industrializada? Melhor ainda, pois nesse ambiente diversificado há grande volume de geração de resíduos, pequenos e médios produtores, negócios paralelos, vantagens logística, ou seja, diversas oportunidades que permitirão criar uma rede de fornecimento sustentável.
A gestão adequada e dinâmica é a solução que empresas modernas estão utilizando para sobrepor os desafios do mercado de energia de biomassa. Para que colocar todos os ovos na mesma cesta? A resposta para tornar a energia de biomassa florestal viável, pode estar justamente não na floresta, mas em volta dela!