Projeto da Sabesp com a FCA/Unesp transforma resíduos orgânicos em Adubo Orgânico.
AEstação de Tratamento de Esgoto (ETE) de Botucatu recebeu, no mês de outubro, a visita de alunos do 3º ano do curso de graduação em Engenharia Agronômica da Faculdade de Ciências Agronômicas (FCA) da Unesp, para conhecer o processo de transformação do lodo de esgoto gerado nesta unidade em adubo orgânico composto.
Esta visita foi realizada na disciplina de Fertilizantes e Corretivos, de responsabilidade do professor Roberto Lyra Villas Boas, do Departamento de Ciência Florestal, Solos e Ambiente a FCA, que comentou: “é de extrema importância que os graduandos tenham contato com técnicas de transformação de resíduos orgânicos em adubo orgânico, pois as fontes de fertilizantes utilizadas na agricultura são, na grande maioria, importadas e, portanto, quando se faz a reciclagem, como o que acontece aqui nesta ETE, está se devolvendo parte dos nutrientes que compuseram, um dia, um alimento e com isso pode-se economizar na extração de fertilizantes inorgânicos que tem sua vida finita de exploração no nosso planeta”.
“A Sabesp de Botucatu é uma das poucas unidades que faz esta transformação e deve servir de exemplo para outras ETEs do Estado de São Paulo e, também, para outros Estados”, diz o professor. Nesta unidade são geradas cerca de 15 toneladas diárias de lodo de esgoto, os quais são transformados em adubo orgânico (apresenta todas as características químicas e biológicas para serem aplicados na agricultura e fornecerem nutrientes e matéria orgânica aos solos).
Baia de secagem e compostagem do lodo de esgoto. Ao fundo equipamento que promove reviramento e secagem do lodo. À frente o lodo transformado em adubo orgânico composto.
“No processo, que ocorre em baias 80 metros de comprimento na ETE, o lodo vai perdendo água por um processo mecânico, até que atinge a umidade que dá início a atividade microbiana de bactérias, fungos e actinomicetos, ou seja, microrganismos não patogênicos e aeróbios (que utilizam oxigênio) e que promovem a quebra de estruturas de carbono e, com isso, a liberação de energia na forma de calor”, explica a encarregada de Tratamento de Esgoto da ETE de Botucatu, Nádia Fernanda Salvador. Portanto, nessas baias, o lodo atinge temperatura de até 60oC, o que promove a morte de microrganismos patogênicos presente no lodo como coliformes, salmonela e ovos de helmintos. Estes microrganismos patogênicos foram citados pois são referência para checar se o tratamento foi adequado, segundo a legislação brasileira (MAPA – Ministério da Agricultura e Pecuária).
Ao final do processo, volta a temperatura do ambiente e o produto – composto de lodo de esgoto – está pronto para ser utilizado na agricultura, gerando economia e ciclagem dos nutrientes. Vale lembrar que antes da implantação do projeto, o lodo precisava ser depositado no aterro sanitários de Paulínia, próximo a Campinas, gerando um alto custo para seu transporte.
O superintendente da Sabesp no Médio Tiete, engenheiro Mauricio Tapia, salienta que este projeto é modelo dentro da Sabesp, o que ajuda a caracterizar a ETE de Botucatu como ETE Sustentável “Este projeto foi iniciado quando o prefeito Mario Pardini era superintendente da Sabesp e surgiu de uma parceria Unesp/Sabesp. Atualmente, damos continuidade a esse processo, ampliando o recebimento de lodo. Hoje recebemos lodo das ETEs de Dourado, Conchas e, em breve, Águas de São Pedro”, explica o superintendente.
Professor Lyra explicando o processo aos estudantes.
Atualmente, este composto de lodo de esgoto tem um registro no MAPA, com o nome SABESFERTIL e tem sido utilizado pela FCA e Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) da Unesp, permitindo economia e melhoria da fertilidade do solo na Fazenda Experimental Lageado, enquanto a Sabesp não viabiliza o formato de venda ou distribuição a terceiros.
Ao final da visita, os graduandos tiveram oportunidade de conhecer o pátio de compostagem da FCA/Unesp, área onde o material de poda de arvores da cidade de Botucatu, realizado pela secretaria da Zeladoria e Serviços é transformada em composto orgânico, uma parceria FCA Unesp/Prefeitura de Botucatu. O pátio, como explicou o professor Lyra, é registrado na CETESB e atende a legislação para recebimento desses resíduos orgânicos e a sua transformação em composto. Ao final do processo a FCA enche os bags (sacos com capacidade de 1000 L) que são entregues pela Secretaria do Verde, às hortas comunitárias cadastradas na Prefeitura de Botucatu. “Antes deste projeto, o material de poda era colocado no aterro sanitário de Botucatu e hoje é um excelente produto para fornecer nutrientes, preservar umidade, melhorar a vida microbiana no solo e proteger os solos nas hortas onde é aplicado”, destacou o professor Lyra. “A palavra e ação para preservar a vida no planeta é reciclar, e é isso que fazemos e que ensinamos aos nossos alunos”.
Pátio de compostagem da FCA, na Fazenda Lageado.
Alunos observando a qualidade da agua (água de reuso) devolvida ao rio Lava-pés após o tratamento na ETE de Botucatu.